O que você sabe e/ou ache do assunto “SUICÍDIO”?
Por muito tempo e por diversas vezes ouvi falarem a respeito de fulano que “se matou porque era muito fraco” ciclano “foi um covarde”, “ele não pensou na família e nos amigos”, e muitos dos comentários a respeito seguiam a mesma linha de raciocínio com algumas poucas “nuances” às vezes ainda escutei comentários como, por exemplo, “foi do nada” ou “aconteceu tudo tão de repente”, esses comentários sempre flutuavam entre uma nuvem sóbria e oscilante entre culpado e dúvidas, mas quem é o culpado e quais são as dúvidas?
Quando vejo um vídeo postado em uma rede social, onde um profissional de segurança tem a oportunidade de evitar um suicídio, aqui de forma alguma desmerecer o trabalho destes que são realmente fantásticos e essenciais, quando vejo os comentários até este momento não me lembro de ter visto menos a pessoa em sofrimento que via como a única alternativa para ela acabar com seu sofrimento, mas sempre exaltando a perícia e a capacidade do profissional, novamente quero ensejar minha admiração por estes profissionais. Com isto penso que será que o individuo que teve sua vida salva é um coadjuvante em sua história ou ainda existem resistências e tabus muito grandes para se falar sobre e ainda fico pensando como será que ambos os atores estão agora e como foram ou estão sendo tratadas as feridas psicológicas do que levou o individuo a tentar atentar sob sua própria vida.
De quem foi a culpa? Alguém não enxergou os sinais de sofrimento, que sim existem, mas muitas vezes são tratados como “frescura” ou sendo algo que vai passar porque é uma “fase” dependendo da idade. É difícil sair apontando o dedo para prováveis culpados, porque existem detalhes em situações que fazem toda a diferença e por serem detalhes exige algumas vezes compreensão que estes representem e a maioria da população não os reconhece, não sebe como lidar e passam muitas vezes despercebidos, e em alguns casos acabam trazendo mais interrogações do que certezas, podemos imaginar uma situação onde uma pessoa que tem em suas redes sociais uma vida “perfeita” cheia de “alegrias” e “satisfações” e em dado momento está tira a própria vida, choverão de reações de tristeza, pesares entre outras. Mas o que estes que reagiram sempre visualizaram? Talvez as roupas bonitas, as paisagens, as festas, e os detalhes nas mensagens e descrições das fotos, as companhias se elas existiam entre outras “coisinhas” não foram percebidas ou não entendidas como sinais a serem cuidados.
Por que as pessoas em sofrimento extremo a ponto de ter pensamentos extremos não falam que estão sofrendo? Mas será que não falaram e não foram levadas a cério? Será que estas pessoas em sofrimento não têm vergonha ou medo em falar sobre o que estão sentindo? Será que reconhecem seus sentimentos e os compreendem? Quando relacionado a este assunto, quanto mais perguntamos, pais perguntas surgem, e em meu entendimento não podemos esperar todas as respostas, devemos reagir e tomar atitudes a respeito.
Será que poderia ser evitado? Para esta pergunta, em meu entendimento, não existe como afirmar que podemos evitar por completo situações onde a tentativa, intenção e pensamento de morte não sejam efetiva, assim não é algo animador se se não prestarmos atenção no detalhe que o completamente significa que podemos ter uma grande redução desses casos, assim os detalhes são importantes para uma efetividade nas tratativa para evitar o pior.
O que pode promover estas situações?
As possibilidades de possíveis promotores destes sofrimentos podem ser diversos, problemas familiares, financeiros, relacionais, sentir-se incompreendido, incertezas sobre suas escolhas, escolhas erradas, problemas de saúde, uma perda significativa, alteração hormonal, uso de substâncias licitas e/ou ilícitas de maneira intencional considerando o usuário passivo e também profissionais que trabalham manipulando químicos que podem ser relacionados a intenção suicida, alguns medicamentos, entre outros. Algumas pessoas podem pegar um desses exemplos ou fazer um apanhado de vários destes e fazer julgamento sobre outra pessoa, usando falas como “eu já passei por isso”, ou “eu passei por coisa pior”, mas temos que levar em consideração que cada pessoa reage de maneira diferente, não somos todos iguais, uns são mais rezilientes que outros, alguns já tem respostas para problemas que tem de resolver, outros ainda tiveram um apoio mais adequado que uns, com isto entendo que o ambiente também pode promover um “acolhimento” mais sadio, auxiliando de alguma forma o melhor entendimento que estamos passando.
Então, promover um ambiente que proporcione uma percepção de maior segurança pode facilitar com que o que está passando por sofrimento exponha seus anseios, dúvidas e medos. E ter atenção sob o outro pode fazer com que este possa ser ajudado antes do pior.
Vamos acabar com essa ideia que pessoas que passam por estas situações “são fracas”, ou que o que estão sentindo é algum tipo de “frescura”, considerar que seus sofrimentos foram ou são piores do que o do outro, não sabemos o quanto o outro pode aguentar e quais os limites do outro. Então vamos ser empáticos e se você está passando por algo que vem promovendo qualquer tipo de angústia e sofrimento busque ajuda, não espere estes tomarem conta do seu destino. E se perceberem alguém que está passando por alguma situação difícil, estenda a mão. Precisamos ser mais humanos para com os outros, afinal como humanos podemos se falhos para nós mesmos.
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