Acolha
Mais uma vez, setembro chega, trazendo consigo diversas comemorações. Além da Independência do Brasil e a chegada da primavera, desde 2015, este mês é dedicado no nosso país a intensificar os esforços na prevenção e conscientização sobre o suicídio. Embora seja uma questão que persiste há muitos anos, infelizmente, ainda é vista como um tabu em nossa sociedade nos dias atuais.
Como podemos combater algo se não estivermos dispostos a discutir e tomar medidas a respeito? Como podemos oferecer ajuda se não prestarmos mais atenção em nossos próximos, familiares, amigos e até mesmo em nossas crianças?
No Brasil, são registrados mais de 13 mil suicídios todos os anos, uma triste realidade que continua a aumentar, afetando principalmente os jovens, especialmente aqueles com idades entre 15 e 29 anos. Aproximadamente 96,8% dos casos de suicídio estão associados a transtornos mentais, com a depressão liderando a lista, seguida do transtorno bipolar e do abuso de substâncias.
Embora o comportamento suicida seja mais comum em adolescentes do que em crianças, as crianças pré-adolescentes também podem estar em risco, mesmo que de maneira menos típica. Elas podem exibir tanto comportamentos suicidas, que envolvem a tentativa de ferir a si mesmas, quanto ideação suicida, que envolve pensamentos e planos para o ato em si.
É importante observar que o quadro depressivo está se tornando cada vez mais comum entre as crianças, especialmente considerando o contexto pós pandemia, onde muitas enfrentaram ou ainda enfrentam situações de isolamento, interrupção de rotinas e falta de interação comunitária. A depressão em crianças pode ser desencadeada por diversos fatores, como a perda de um ente querido, separação dos pais, mudanças no ambiente familiar, bullying, dificuldades escolares, entre outros.
Como podemos identificar quando uma criança está apresentando comportamentos que indicam depressão e podem representar um risco de suicídio? É importante destacar que esses comportamentos geralmente não ocorrem isoladamente e devem ser avaliados dentro do contexto atual da criança, incluindo aspectos sociais, familiares, pessoais e de aprendizado.
Além disso, os transtornos mentais que podem levar ao suicídio não estão limitados a crianças e adolescentes que vivem em instituições de acolhimento ou em situações familiares problemáticas, como aquelas atendidas pela ACRIDAS. Mesmo crianças que aparentemente crescem em ambientes familiares saudáveis podem enfrentar circunstâncias que ameacem suas vidas, dependendo das situações em que se encontram.
Portanto, se quisermos prevenir o suicídio, precisamos prevenir os transtornos mentais, e isso inclui prestar atenção aos problemas que podem surgir desde a infância.
Devemos, portanto, estar atentos e cuidadosos com nossas crianças e adolescentes. Devemos observar suas palavras e comportamentos, ouvi-los com atenção, acompanhar suas interações sociais, ser presentes, promover afeto e estabelecer limites, entre outras medidas. A melhor maneira de combater a depressão e o suicídio é a prevenção, e a melhor forma de prevenir é promovendo a saúde e o bem-estar físico, mental e social. Além disso, é importante enfatizar a importância das relações afetivas como uma parte fundamental na prevenção de inclinações suicidas em crianças e adolescentes.
Portanto, não ignore os sinais que as crianças ao seu redor possam apresentar. Não descarte seus comportamentos como simples birras, busca de atenção ou frescura. Esteja presente, cultive a confiança, construa relacionamentos verdadeiros. Faça a sua parte!
Em casos de risco de suicídio, independentemente da idade, é fundamental buscar ajuda:
- Atendimento psicológico em clínicas com psicólogos registrados no CRP;
- Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e Unidades Básicas de Saúde (Saúde da Família, Postos e Centros de Saúde);
- Unidades de Pronto Atendimento (UPA 24h), SAMU 192, Pronto Socorro e hospitais;
- Ligue para o Centro de Valorização da Vida pelo número 188 (ligação gratuita).
Você pode fazer parte dessa jornada de amor e transformação fazendo uma doação para que tenhamos recursos para dar às crianças acolhidas acesso a uma história digna e cheia de alegria e novas oportunidades.